Quem já conhece a intervenção em ABA, sabe que o uso de reforçadores (uma prática baseada em evidência) é o ponto central desse tipo de terapia. Um reforçador de modo simplificado é item de preferência da criança (pessoa), que funciona como uma “recompensa” a um comportamento desejado. No entanto, um item só é um reforçador, se sua apresentação aumenta a chance de um comportamento alvo ocorrer novamente. Por exemplo, se você quer reforçar a resposta de olhar no olho e apresenta bolha de sabão, após criança emitir a resposta “correta”, e essa criança não gosta de bolha de sabão, muito provavelmente ela não vai aumentar a resposta de olhar nos seus olhos, enquanto você estiver com uma bolha de sabão na mão.
O processo do reforçamento ocorre com qualquer indivíduo, no entanto, para cada pessoa/ criança, os reforçadores vão variar, podendo ser itens arbitrário como acesso a eletrônicos, a simplesmente um sorriso do seus pais. Quando uma criança neurotípica fala as primeiras palavras, por exemplo, os pais costumam sorrir, dar atenção, repetir o que a criança fala, e isso acaba reforçando o comportamento de falar mais palavras. O reforço social, ou recompensa verbal são, geralmente, suficientes para reforçar os comportamentos dessas crianças. No entanto, se a criança está dentro espectro autista, ela pode não é tão sensível ao reforço social e precisamos começar o trabalho com reforçadores tangíveis (arbitrários), ou seja, brinquedos, atividades preferidas, vídeos, etc, para conseguir aumentar a resposta dela de falar palavras com sentido.
Comumente, usamos brinquedos e objetos juntamente com recompensas verbais “isso ai”, “muito bem”, “perfeito”, “incrível”, pois nosso objetivo é que o reforço tangível seja substituído pelo social, no caso, por recompensas verbais. Começamos reforçando um comportamento por vez, depois aumentamos para 3, 6, 9 respostas para dar acesso a um reforçador (geralmente usando fichas), e por fim retiramos fichas arbitrárias do procedimento e trabalhamos com reforços mais naturais: recompensas verbais, jogos ao fim de um grupo de atividades, etc.
Publicado em 18.02.16 e revisado em 03.04.24