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Quais sinais podem identificar autismo em bebês?

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do desenvolvimento que compromete duas áreas principais: a interação e comunicação social, e o comportamento e interesse restrito e repetitivo. Esse é um transtorno que envolve uma grande variedade de sintomatologia e não existe nenhuma criança ou adulto com autismo igual a outro. A neurodiversidade é infinita, e por mais que possamos falar de comportamentos comuns ao TEA, eles não se aplicaram a todas as pessoas e crianças do espectro.

Um dos primeiros sinais que pode indicar que uma criança está dentro do espectro é o olhar no olho. Ainda bebê é possível perceber se a criança evita olhar no olho da mãe e de outros adultos. Geralmente eles também não apresentam sorriso social. Um médico pode ser consultado para avaliar possíveis causas físicas como, por exemplo, ter algum nível de deficiência visual. E caso seja descartado motivos físicos, o autismo deve ser considerado.

Quando uma criança não olha no olho, provavelmente ela também não se atenta às faces humanas, a como os outros falam, se comportam e como expressam emoções. Ela também pode não perceber o que está ocorrendo ao seu redor em relação ao contexto social, e não imitar ou apresentar resposta sociais esperadas. Um dos primeiros passos na intervenção dessa criança é ensiná-la a olhar no olho, com o objetivo de ter mais atenção do bebê para ensinar comportamentos mais complexos como imitação, seguimento de instrução e fala vocal. No entanto, é importante ressaltar que algumas crianças, mesmo com um ensino intenso desse olhar no olho pode não desenvolver esse repertório de forma consistente. Parece que para algumas pessoas/ crianças com autismo, essa resposta de olhar é muito aversiva. Por isso, em alguns casos, essa dificuldade deve ser respeitada, e se pode treinar outras respostas que garantam que a criança está prestando a atenção em você. Por exemplo, quando chamar ela pelo nome, ela direcionar pelo menos o rosto na sua direção.

Outro repertório esperado em bebê envolve imitar comportamentos dos adultos como dá tchauzinho, ou bater palminha. Também é esperado que ele siga instruções como “cadê a barriga do neném?” e ele olhe para barriga, ou outro item indicado pelos pais. O ensino desses repertórios básicos são pré-requisitos da fala, só assim, a criança começa a responder socialmente, fazer trocas sociais. Ela começa a se atentar e responder a estímulos sonoros como seguir instruções, imitar sons e comportamentos sociais, o que é fundamental no desenvolvimento da linguagem vocal, e na ampliação da sua interação social.

Mesmo sem um diagnóstico formal, o que normalmente ocorre por volta dos dois anos (para crianças com sintomatologia mais evidente e quando ocorre a busca precoce dos pais), é possível criar um programa de intervenção que pode facilitar o desenvolvimento desses bebês, estando eles no espectro ou não. Não demore para procurar ajuda, a intervenção precoce pode aumentar intensivamente o prognóstico de crianças do espectro. Quanto mais tarde uma criança começa a intervenção, maior é a distância dela com um par etário de desenvolvimento típico (sem diagnóstico).

Publicado em 18.05.15 e revisado em 03.04.24

Luiza Guimarães
Luiza Guimarães

Especialista em Terapia ABA
Doutora em Psicologia - BCBA
Fundadora da @tatear.aba