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Seu filho está dando trabalho para comer?

Não é muito difícil encontrar crianças que dão trabalho para comer, no caso de crianças e pessoas com autismo o problema é ainda mais constante. Isso porque pessoas do espectro costumam apresentar seletividade alimentar, ou seja, possuem alimentação restrita como reflexo das suas disfunções sensoriais. Tem criança que só come alimentos com determinadas texturas, por exemplo, alimentados amassados ou líquidos, alimentos crocantes, alimentos duros, macios etc. Não é incomum que indivíduos do espectro comam 2 a 5 alimentos e rejeite todos os outros.

Pesquisas mostram que se pode aumentar a adesão e preferência por alguns alimentos menos preferidos dessas pessoas, apresentando junto com alimentos de alta preferência. Por exemplo, a criança gosta de carne, mas não gosta de arroz e feijão, então, você pode dar a carne junto com esses alimentos, ou após a ingestão deles. Conheço criança que quando você dá apenas o arroz e o feijão ela cospe, mas quando vem com um pedaço de carne ela come e inclusive checa antes de colocar na boca se tem um pedaço de carne.

É importante que você descubra quais alimentos seu filho rejeita mais, e substitua quando for possível. Por exemplo, a criança não gosta de arroz integral e você pode substituir por arroz branco, faça essa troca, para que o momento da alimentação não se torne uma batalha, e sim um momento agradável. Outras vezes, precisará criar estratégias de começar a apresentar junto com alimentos preferidos, em porções muitos pequenas e ir gradualmente aumentando, enfim, incorporar estratégias para ampliar o consumo de alimentos.

Também não é incomum, que crianças tome apenas leite, mesmo está não ser mais a recomendação médica pela idade do paciente. Já vi crianças tomando em mamadeiras sopas, sucos, leito (só comia pela mamadeira). Incorporar a apresentação de novos alimentos, e de aproximações sucessivas pode ajudar muito na ampliação desse repertório. Deixar a criança brincar com a comida, só encostar na boca e assim por diante. Comer com seu filho e dá modelos de alimentação saudável também pode ajudar.

Mais uma dica é não transforme o momento da alimentação em algo aversivo e desagradável para a criança. Não force ela comer (nem grite), quanto mais alimentação for associada a momentos ruins, mais a criança não vai querer comer. Seja positiva, toda vez que a criança comer valorize esse comportamento, festeje e dê atenção a ela.

A restrição alimentar pode se tornar um problema grave de saúde. Pode causar doença por falta de vitaminas. Também pode ampliar a dificuldade de fala. Busque nutricionistas, fonoaudiólogos e analistas do comportamento para te ajudar a ampliar a dieta do seu filho.

Publicado em 08.07.14 e revisado em 03.04.24

Luiza Guimarães
Luiza Guimarães

Especialista em Terapia ABA
Doutora em Psicologia - BCBA
Fundadora da @tatear.aba