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Como funcionam as tarefas estruturadas em ABA no ensino?

Uma das ferramentas utilizadas na intervenção em ABA são as Tarefas em Tentativas Discretas (DTT- Discrete Trial Training), que é uma prática baseada em evidência. Essas tarefas são comumente realizadas em ambiente controlados, muitas vezes em mesinha, mas também em outros contextos. O DTT possui cinco componentes: (1) o estímulo discriminativo (SD), (2) o uso dicas, (3) a resposta, (4) o reforço (entrega de itens de preferência) ou procedimento de correção (caso ocorra um erro), e (5) o tempo entre tentativas.

O Estímulo discriminativo é um termo da análise do comportamento para um estímulo que “indica qual deve ser a resposta”. Por exemplo, quando você diz “bate palma” para uma criança, essa instrução deve indicar para a criança que a resposta de bater palma será seguida por itens de preferência. Claro, se a criança entende o que foi falado, e é seguidora de instruções. A resposta da criança vai depender do tipo de tarefa proposta pelo terapeuta. Por exemplo, se quero ensinar a criança a imitar pentear o cabelo, essa é a resposta que vou treinar via DTT.

A dica pode ser fornecida imediatamente após uma instrução, ou pode ser fornecida após pausas programadas antes da criança errar. As dicas podem ser físicas, verbais, em forma de modelo, visuais, entre outras, O objetivo do uso das dicas é o ensino sem erro, o que reduz a aversividade da tarefa. Além disso, usamos hierarquias de dicas para reduzir a dependência dessas dicas pelo nosso aprendiz. Após resposta independente, ou com ajuda de dicas fornecemos reforço (entrega do item preferido) ou após erro fornecmos procedimentos de correção. O uso de consequências diferentes após resposta é fundamental para o aumento de repertórios socialmente relevantes. Por último cada tentativa é seguida de tempos entre tentativas, o que normalmente ocorre em forma de alguns segundos. O DTT deve ser apresentado de forma dinâmica e rápida para garantir o interesse e motivação do nosso aprendiz.

 Estímulo DiscriminativoDicaRespostaReforço ou correçãoTempo entre tentaiva
O professor diz “bate palma”Sem uso de dicaResposta independente: Criança bate palmaReforço: Professor entrega item preferido e fornece reforço social20 segundos
O professor diz “aponta o gato”Dica por gestoResposta após dica: Professor aponta o gato e espera resposta da criança que também aponta o gatoReforço: Professor entrega item preferido e fornece reforço social  20 segundos
O professor diz “qual o seu nome?”Sem uso de dicaResposta com erro: Criança fala “au au”Correção: Professor reapresenta a instrução “qual o seu nome?” e a dica “Jo…”, a criança fala “João”5 segundos

Apesar da importância desses componentes durantes as Tarefas de Tentativa Discreta, a forma como eles vão ser apresentados pode variar. As possibilidades são infinitas no ensino através desse tipo de procedimento. Por exemplo, existem inúmeras formas de se apresentar a correção, tipos de dica, instruções e respostas esperadas. O que vai definir cada procedimento são as peculiaridades que cada criança apresenta. Algumas são mais passivas e se a correção for seguida de reforço, elas simplesmente não apresentam a resposta de forma independente.

Publicada em 18.02.16 e revisada em 03.04.24

Luiza Guimarães
Luiza Guimarães

Especialista em Terapia ABA
Doutora em Psicologia - BCBA
Fundadora da @tatear.aba