Muitas vezes quando digo que trabalho com crianças de dois anos e até menos, o que mais escuto é “Sério? O que dá para fazer com crianças tão pequenas?”. A maioria das pessoas pensa logo em terapias que envolvem conversas entre duas pessoas, o que em muitos casos é a realidade. A Terapia ABA, por sua vez, é uma forma de intervenção que trabalha comportamentos alvo da criança, por exemplo, a imitação, o que não envolve, necessariamente, a fala. Nesse sentido é desenvolvido um programa de intervenção individualizado para ensinar repertórios esperados em bebês, o que não necessariamente envolve a fala. Trabalhamos respostas como olhar no olho, ou para faces humanas, olhar para barriga quando dizemos “cadê a barriga”, entre outros repertórios que a criança tem em déficits.
A intervenção em ABA envolve o ensino através de DICAS físicas, visuais, vocais e gestuais, e pela apresentação de itens preferidos pela criança após cada vez que a criança apresenta a resposta a ser ensinada, ou após um grupo de respostas aprendidas. Por exemplo, quando ensinando a imitação “dar tchau” e a criança permanece imóvel, pegamos sua mão e balançamos como se ela estivesse dando tchau (essa é uma dica física total), e apresentamos a consequência da imitação feita por ela, que pode ser brinquedos, desenhos animados, atividades preferidas enfim, itens que a criança mais gosta.
A intervenção precoce é aquela com mais resultados descritos na literatura, por isso é tão importante começar cedo a intervenção, quando os primeiros atrasos começam a aparecer. Apesar disso, mesmo de forma tardia, intervenções que crianças maiores, e até jovens e adultos, o ABA pode contribuir muito para o ensino de repertórios funcionais e sociais. O objetivo do ABA independente da idade é aumentar a independência e autonomia do paciente que atendemos.
Publicado em 20.12.2009, revisado em 28.04.24