No Brasil, o ensino da linguagem de sinais para indivíduos com autismo é muito pouco divulgado. Além disso, alguns profissionais chegam a dizer que a linguagem de sinais restringe a comunicação e que apenas uma pequena parte da população é capaz de entendê-los. O fato é que a língua de sinais é uma alternativa a comunicação dessas pessoas. Já tive muitos pacientes em que acreditava que elas se beneficiariam muito com esse tipo de linguagem. Pacientes com inteligência preservadas e que não conseguem interagir com seus pares. Muitos inclusive com perdas auditivas.
É comum que comorbidade como apraxia de fala sejam comuns a crianças e pessoas com autismo. O uso de sinais é uma possibilidade e pode ser facilmente ensinada através do uso de dicas para que nosso aprendiz possa movimentar os dedos e mãos para poder sinalizar.
Dentro da intervenção, muitas vezes, ensinamos sinais mais universas como sim e não com a cabeça e sinais específicos para pedir, mas nunca presenciei uma criança falando apenas por linguagem de sinais no contexto clínico aqui no Brasil. É comum que o uso da comunicação ocorra de forma multimodal através de comunicações alternativas com troca por figuras e aplicativos e também sinalizações universais.
Recentemente vi um vídeo de uma moça americana falando pela linguagem de sinais e achei o máximo. No Brasil, a falta de conhecimento e fluência dos profissionais nesse tipo de linguagem é um obstáculo. Incorporar também a linguagem de sinais envolve a adesão dos pais a esse novo formato e adaptação. Também envolve se aproximar de pessoas que também usem esse tipo de comunicação (pessoas surdas), o que também acaba sendo um obstáculo.
Publicado em 02.08.15 e revisado em 03.04.24